Engenheiros do MIT e da Universidade da Califórnia em San Diego – UCSD, EUA, desenvolveram uma nova forma para detectar câncer metastático no fígado, utilizando a ajuda de probióticos – bactérias benéficas semelhantes àquelas encontradas no iogurte.

 

Muitos tipos de câncer, incluindo de cólon e pâncreas, tendem a gerar metástases no fígado. O quanto antes os médicos puderem encontrar esses tumores, mais chances existem para que eles possam ser tratados com sucesso.

 

Utilizando uma estirpe inofensiva de E. coli que coloniza o fígado, os investigadores conseguiram programar as bactérias para produzir um sinal luminescente que pode ser detectado com um simples teste de urina. Bhatia e Jeff Hasty, professores de biologia na UCSD, são os autores de um artigo que descreve a nova abordagem na revista Science Translational Medicine.

 

Estudos anteriores mostraram que as bactérias podem crescer e penetrar no microambiente tumoral onde existem muitos nutrientes e o sistema imune do corpo está comprometido. Devido a isso, cientistas vêm tentado, há anos, desenvolver bactérias como um possível veículo para o tratamento do câncer.

 

Pesquisadores do MIT e UCSD começaram a explorar então esta ideia há alguns anos, mas logo expandiram seu estudo para incluir o conceito de criar um diagnóstico bacteriano. Para transformar bactérias em dispositivos de diagnóstico, os investigadores programaram as células para expressar o gene para uma enzima que ocorre naturalmente, chamada lacZ, que cliva a lactose em glicose e galactose.

 

Neste caso, lacZ atuou sobre uma molécula injetada em ratos, que consiste em galactose ligada a luciferina, uma proteína luminescente produzida naturalmente por vaga-lumes. Luciferina é clivada a partir de galactose e excretada na urina, onde ela pode ser facilmente detectada por um teste comum de laboratório.

 

Primeiro, os pesquisadores estavam interessados em desenvolver essas bactérias para injetar nos pacientes, mas, em seguida, decidiram investigar a possibilidade de oferecer a bactéria via oral, assim como as bactérias probióticas encontradas no iogurte. Para conseguir isso, eles integraram seus circuitos de diagnóstico em uma cepa de E. coli inofensiva chamada Nissle 1917, que é comercializada como um promotor da saúde gastrointestinal.

 

Em testes com ratos, os investigadores descobriram que as bactérias dadas por via oral não se acumulam em tumores pelo corpo.

 

“Nós percebemos que se déssemos um probiótico, nós não seríamos capazes de obter a concentração de bactérias alta o suficiente para colonizar os tumores por todo o corpo, mas criamos a hipótese de que se tivéssemos tumores no fígado, eles iriam receber a dose mais elevada a partir de uma dose oral”, diz Bhatia.

 

Isto permitiu que a equipe desenvolvesse um diagnóstico especializado para tumores hepáticos. Em testes em ratos com câncer do cólon que se espalhou para o fígado, as bactérias probióticas colonizaram cerca de 90% dos tumores metastáticos. Nas experiências com ratos, os animais que receberam as bactérias modificadas não apresentam quaisquer efeitos secundários nocivos. Com informações do MIT